sábado, 8 de maio de 2010

A Historia de Messias - Apresentação

Apresentação



Com o propósito de criar uma discussão a respeito dos caminhos seguidos pelas Igrejas, e a interpretação da bíblia como um livro sagrada. A história de Messias, uma ficção, que traz todo um questionamento sobre os caminhos da Igreja Católica ao longo de sua existência. Não queremos que os leitores entendam que, o objetivo é desconsiderar a importância histórica na evolução dos povos, na cultura, e nos limites que a Igreja ajudou para o desenvolvimento sócio-cultural. Principalmente no Brasil. Contudo, nem sempre os meios justificam os fins. Quando se trata da espiritualidade, o livro sagrado sempre prevalecerá sobre todas as vontades e, acima dos objetivos de qualquer pessoa, ou instituição.

A Historia de Messias - Introdução

Introdução

Minha formação espiritual foi bastante conflitante. Cresci em uma cidade do interior totalmente católica e, que vivia toda a sua tradição com muita intensidade. Minha mãe, como toda sua família, já havia se convertido à doutrina evangélica (Igreja Batista). Sempre na ausência de meu pai, que era católico, tentava doutrinar eu e meus irmãos. Pelo fato de que, entre meus colegas de escola ou de rua, chamar uma pessoa de crente era demérito e pela resistência de meu pai, eu sempre fugia dessa possibilidade. Todos os domingos, por exigência dele, éramos conduzidos à igreja católica. Para mim, apesar de acreditar nos ensinamentos que minha mãe mostrava, sempre com uma bíblia na mão, era como um escudo para não ser chamado de crente pelos colegas.
Na escola vivia outro drama. O ensino religioso na época era voltado para os ensinos da doutrina católica. Alguns professores que conheciam nossa família, às vezes sugeriam para os alunos que tivessem outra religião, que não precisava assistir a aquela aula. Nunca me manifestava e cabisbaixo assistia a aula.
Cresci sem ser um cristão atuante em qualquer Igreja. Mas freqüentava todas. Meu comportamento sempre crítico em relação às atuações dos ministros de Deus, os Padres e os Pastores, que, sempre usavam de argumentos conflitantes com os ensinamentos bíblicos. Cheguei por algumas vezes, a freqüentar reuniões espíritas e algumas casas de Umbanda, como forma de saber o que de fato ocorria com a minha espiritualidade. Também em algum momento, duvidei da existência de Deus. Tudo isso me fez buscar respostas para minhas dúvidas. Assim nasceu a obra “A História de Messias”.Essa obra possui as respostas que sempre quis ter, e me eram negadas, somente as encontrando na Bíblia Sagrada.Certamente muitos buscam também essas respostas. E o mais importante de tudo, é que também me proporcionou um encontro verdadeiro com Deus e com Jesus Cristo. Hoje toda minha família inclusive meu pai, vivem suas vidas conforme os ensinamentos de Jesus Cristo.

César Torres.

A História de Messias - Celibato e o pecado

O VELÓRIO DO CORONEL AFONSO CALADO

A cidade de Monte Alto – região das vertentes de Minas Gerais, população de pouco mais de cinco mil habitantes – vivia uma tarde de tristeza, chorava a morte de Messias Calado e de seu pai, o Cel. Afonso Calado, que teve um infarto fulminante após ouvir a notícia que no Mosteiro onde ficava o seminário em que o filho estudava ocorrera uma tragédia sem precedentes. Houve um incêndio de grandes proporções, sem nenhum sobrevivente, todos estavam carbonizados e irreconhecíveis. A polícia estava utilizando todos os métodos para identificar os corpos, em alguns eram usadas as arcadas dentárias, em outros o Instituto Médico Legal solicitava a presença de familiares para fazer o reconhecimento pelo DNA. Coronel não resistiu à notícia e sofreu um infarto fulminante, apesar da mucama Ester ter providenciado a sua remoção para o único Hospital, mas era tarde demais.

Coronel Afonso Calado – viúvo e pai de Messias Calado - que era considerado na cidade um de seus filhos mais ilustres, o primeiro seminarista de Monte Alto e quando ordenado Padre era a expectativa de todos que se tornasse o pároco da cidade. Cel. Afonso era um homem muito rico, comentavam até que o velho não sabia da riqueza que acumulara, possuía muitas fazendas com lavouras, criação de gado, vários imóveis e, também, muito dinheiro nos bancos. Sua influência política era inquestionável. Todos o respeitavam e o temiam e, apesar de ser um bom homem, era firme e decidido.

Todas as pessoas influentes de Monte Alto participavam do velório: prefeito, vereadores, o Padre, pastores, enfim, toda sociedade sabia da importância daquele homem e que era uma perda irreparável. Todos lamentavam sua morte, até mesmo o senhor Gregório Malaquias de aproximadamente 50 anos era o maior desafeto político do Coronel, também de pouca cultura, mas possuía uma vontade enorme de se tornar um líder na cidade. A razão da inveja latente era a grande influência do Coronel nos resultados das eleições, situação esta que às vezes o tornava impulsivo, criando muitos constrangimentos a todos, causa de sua pouca credibilidade, na verdade, era considerado pelos companheiros do Coronel como um grande fofoqueiro. Sendo seu maior adversário e por falta de argumentação política, muitas vezes desejou publicamente sua morte, dizendo aos quatro cantos que queria que o Coronel fosse levado para as quintas do inferno. No fundo, Gregório estava feliz com a partida sem volta do Cel. Afonso e, ao mesmo tempo, ao saber do incêndio no Seminário, da possível morte de seu filho Messias.

A Historia de Messias - O inicio

O INÍCIO

Fogos de artifício iluminavam os céus. O sanfoneiro abria e fechava o fole como se fosse sua última noite. A casa estava repleta de convidados que bebiam e comiam sem parar. A cachaça, fabricada no alambique da fazenda, era o orgulho do fazendeiro que exportava até para a capital, era tirada de um tonel de madeira e servida em cabacinhas. Os casais dançavam fazendo a poeira levantar enquanto o churrasqueiro gritava: – carne assada para toda moçada! Sirvam-se para não sobrar! E a festa rolou a noite inteira, era o batizado de Messias, filho de Cel. Afonso Calado e Dona Sara Rosa Calado, sua esposa. Já tinham uma filha, Rosalma, com seus dez anos de idade, como já haviam tentado esses anos todos e Dona Sara não conseguia mais filhos depois de dois abortos involuntários. Fizeram uma promessa: se ela engravidasse e fosse menino, ele teria que ser Padre, como agradecimento a Deus pela dádiva concedida. Na festa estava presente o pároco local, Padre André, muito querido pela família e por toda cidade, o mesmo que fez o casamento de Cel Afonso com Dona Sara, batizou a sua primeira filha, a menina Rosalma e, agora, o filho, com o nome de Messias, que recebeu o juramento e a promessa do Cel. Afonso e Dona Sara em dar o filho à Igreja.O compromisso foi levado tão a sério que o Coronel acabou por comprar uma casa na cidade para facilitar a freqüência à Igreja e o apoio aos trabalhos religiosos.
Messias foi crescendo e sendo orientado pela família e pelo Padre André, que possuía uma cadeira cativa no almoço da família aos domingos e sempre elogiava as deliciosas guloseimas preparadas com esmero pela anfitriã.

Messias se transformou em um belo jovem, alto, olhos negros, cabelos lisos penteados para trás, sempre com ar sereno e compenetrado, de pouca fala, mas muito observador, demonstrando sempre muita astúcia nos negócios, muito disciplinado e obediente.

Em alguns momentos, Messias chegou a questionar a vontade do pai, chegando às vezes a reclamar com sua mãe por não estar certo de sua vocação. Achava que poderia ser um grande erro que estaria cometendo na vida. Em várias ocasiões pensou em abandonar sua família, buscar outros horizontes e fugir das imposições do pai, mas nunca teve coragem, mesmo porque conhecia bem o pai e sabia que seria como uma punhalada em seu coração e não podia medir as conseqüências para toda família.

Terminado o segundo grau, sentiu que era o momento de decidir sua vida, apesar de não estar convicto de suas reais vocações religiosas, não tinha forças e a vontade do pai prevalecia. Nesta idade já tinha namorado algumas garotas na escola e sentindo-se que um Padre opta pelo celibato, era uma difícil decisão, pois já conhecia o sabor dos desejos da carne. Os namoros eram sempre sem conhecimento do pai, que não admitia ver o filho desrespeitar sua vontade, pois no seu pensamento o filho tinha que ser casto e assumir o celibato em seguida.

A Historia de Messias - A primeira entrevista

A PRIMEIRA ENTREVISTA


...Depois do relatório de Padre Paulo, foi conduzido para sala do Monsenhor Erich Christi. Um alemão de 65 anos, olhos claros, cabelos já raros e brancos, se encontrava no Brasil há mais de trinta anos; fala mansa, mas com um sotaque muito forte, pronunciava muitas palavras com dificuldade, era responsável pela administração geral e, por esta razão, era sempre ele que fazia uma avaliação vocacional de cada seminarista. Mais duas horas de conversa, buscou informações da vida de Messias desde sua infância, até a decisão de se matricular no seminário. Fazia sempre as perguntas diretas talvez pela dificuldade com algumas palavras.
– Messias, por que você procurou o seminário?
– Bem, acredito que tenho vocação. Respondeu.
– Você gostava de freqüentar as missas ou era somente companhia para os pais? Esta pergunta é porque temos ciência de que seus pais são muito católicos e que fizeram uma promessa de transformá-lo em um discípulo de Deus. Informação preliminar de Padre André, seu padrinho aqui no Mosteiro, e poderia estar atendendo somente uma vontade deles e não um desejo seu.
– Não, Monsenhor, eu estou aqui porque escolhi servir a Deus, foi uma escolha pessoal, não nego que desde que me entendo por gente ouço, principalmente de meu pai, que seria um seminarista e Pároco em Monte Alto. Respondeu um pouco preocupado, porque no fundo o Monsenhor tinha um pouco de razão.
– O que espera do seminário?
– Adquirir conhecimento teológico e ser ordenado Padre para me tornar servo de Deus e difundir o santo Evangelho.
– Muito bem, Messias, você sabe que o seminário não é uma escola comum, aqui, como pode notar pelas informações que recebeu de Padre Paulo, as normas são seguidas com rigor. Quero saber com um pouco mais de detalhes sobre sua vida pessoal. Incomoda-se?
– Não, Monsenhor!

A Historia de Messias - O quarto 33

O QUARTO 33

Era comum ser questionado quanto à permanência no quarto 33, se estava tudo normal ou se tinha visto algo estranho. O que tem o quarto 33 de diferente dos demais? Sempre que procurava informações com os mais antigos, somente ouvia rumores, nada que justificasse a preocupação de todos. As respostas eram sempre evasivas e, por mais que insistisse, Fábio, se recusava a falar no assunto. Certo dia, Fábio sentindo que deveria passar o pouco que sabia para seu amigo, pois percebera que aquilo já o incomodava muito, trancaram-se no quarto de Fábio.

A Historia de Messias - Primeiros Conflitos

PRIMEIROS CONFLITOS

...Messias, ao se aprofundar nos ensinamentos das Escrituras sagradas, começou a ter alguns conflitos dogmáticos, o que o levou a começar a ter perturbações, pois o rigor e a reverência imposta impediam de discutir suas dúvidas e conflitos com seus superiores. Mas continuava aplicado com boas notas.

Todo semestre visitava sua cidade. Seu pai sempre preparava uma recepção com churrascos, muita comida, bebida e muitos convidados incluindo o prefeito e amigos influentes, era seu maior orgulho. Apesar de estar se preparando para se tornar um Padre, sempre era assediado pelas amigas de infância e ex-colegas de escola, principalmente Laura, uma ex-namoradinha. Mas seu firme propósito não o deixava ter recaimento. Para ele tudo aquilo eram provações e voltava sempre para o seminário bem mais convicto de sua escolha.

A Historia de Messias - A Viagem

A VIAGEM

Durante a viagem tudo transcorreu normal, os assuntos giraram em torno do Mosteiro e da escola, algumas críticas sobre a atuação de alguns dos professores, enfim foi uma rápida e divertida viagem. Chegando à capital, foram direto para um shopping, lá fizeram um bom lanche percorreram as galerias, fizeram umas poucas compras até o almoço. Messias estava achando divertido sair um pouco da rotina. Quando chegou à tarde, Adelmo, também de porte atlético, sempre à frente das atividades esportivas no seminário, o que lhe proporcionou o corpo escultural, chamou Daniel, o mais calado e sempre com ar desconfiado, que se encontrava quase cochilando, sentado em um banco no corredor do shopping, chamando por Firmino para ir à próxima parada. Firmino era aficionado em eletrônica e se encontrava numa loja especializada, olhando tudo que podia, sabendo que não poderia comprar, pois não era permitido nada além de tv e rádio no seminário. Uma vez reunidos, Adelmo chamou a todos, vamos para o carro e lá tomamos a decisão para onde ir. Assim fizeram. Já dentro do carro, Francisco disse - no mesmo lugar de sempre. Todos fizeram sinal de aprovação.
- Aonde vamos? Hoje é minha primeira vez e vocês não me disseram ainda aonde vamos. Messias perguntou curioso.
- E não será a última, exclamou Francisco com uma gargalhada que foi acompanhada por todos.

A Historia de Messias - Dúvidas

DÚVIDAS

....Chegando ao seminário, foi direto para seu quarto, de onde não saiu até o dia seguinte. A sua noite foi bastante atribulada, seus pensamentos estavam sempre em busca de uma explicação para o ocorrido, se talvez aquela situação fosse uma provação Divina para testar sua lealdade com Deus, ou estavam mesmo sob a ação demoníaca no seminário? Depois de muitos pensamentos ruins e duvidando de tudo e de todos, resolveu conversar com Cristo para ver se aliviava um pouco aquele sentimento de culpa e de dúvida.

“Meu Deus, sei que estou aqui primeiramente pela vontade de meu pai, não por uma livre escolha minha, mas depois que aqui cheguei venho buscando o melhor de mim para conhecer os seus ensinamentos e poder levar a sua palavra onde for necessário. Tenho sido um bom servo e evitado o pecado em todas as suas formas,como a abstinência sexual, a inveja, a ira, a gula, enfim tudo que possa ser contrário aos bons ensinamentos de tua palavra. Senhor peço que me dê uma luz e me mostre o caminho que devo seguir, se devo continuar aqui, ou buscar outro lugar onde o pecado não esteja tão presente, mas também se for de sua vontade que eu permaneça e faça alguma coisa para mudar as ações pecaminosas, que me dê um sinal. Me perdoe se pequei em pensamentos ou por não ter tido a coragem necessária de impedir o ocorrido em nossa viagem, nos dê uma boa noite de sono. Amém!”

A Historia de Messias - O pregador

O PREGADOR
Chegando próximo à Praça Sete, centro da capital, de longe vê um homenzinho com um blazer surrado, uma camisa branca no mesmo estado, amarelada pelo uso e pelo estado de conservação; uma gravata preta com um nó mal feito, o que a deixava virando o tempo todo, mostrando o avesso. Segurava uma velha Bíblia aberta e, aos gritos, lia versículos, caminhava de um lado para outro e sempre se dirigia a alguém que passava, ou que parava para ver aquela cena que, às vezes, arrancava gargalhadas de alguns. A maioria dos transeuntes não dava atenção, pois o mesmo mais parecia um louco pelo tom de voz e pela forma como gesticulava e andava. Quando dava seqüência à leitura de um versículo, intensificava o seu comportamento, para mostrar o verdadeiro significado de seu conteúdo e valor na nossa vida espiritual. Resolve parar, pois ele falava de algo que também era para Messias uma grande dúvida e fazia parte dos seus muitos conflitos com os ensinamentos da Igreja. Com a Bíblia aberta, o homenzinho lia:

A Historia de Messias - Viagem de folga

A VIAGEM DE FOLGA

....Messias levanta bem cedo, veste-se, toma um rápido café, nem espera pela missa matinal e vai para a parada do ônibus, onde se embarca. Pouco mais de uma hora e já se encontrava no centro da capital. Como sua família sempre se levanta cedo, resolve telefonar para saber notícias, pois, mesmo por ser seu aniversário poderiam querer falar com ele, já que no Mosteiro o telefone quase não funcionava. Foi até a uma lanchonete onde aproveitou para fazer um lanche e comprar um cartão de telefone público.
Ao se aproximar do telefone, sente um calafrio e um mau presságio, mas acaba ligando. O telefone não atende e ele fica a pensar: será que estão na casa da cidade? Mas, hoje é quinta-feira e eles só vão para a cidade no sábado para ir à Missa no domingo. Vou tentar novamente. Pensando bem, podem estar no curral ou na lavoura ou aquele bendito telefone pode ter rompido o fio, como sempre acontece quando um animal encosta-se em um dos postes, pois já estão em precária condição. Papai sempre fala em trocá-los, mas fica só na vontade. Apesar da insistência, não atendiam ao telefone. Vou tentar a casa da cidade. E assim o fez, e ninguém atende. Então pensou, vou dar umas voltas e fazer algumas compras para esperar o horário de almoço pois tudo se esclarecerá.

A Historia de Messias - O Acidente

O ACIDENTE

...Quando chegou próximo ao Mosteiro, percebeu a presença de um veículo desconhecido e com placa de sua cidade, Monte Alto, imaginou: será que alguém veio me visitar? Já esquecia até do pesadelo. Ao entrar, encontrou Padre Paulo assentado ao lado de um homem e conversava baixinho quase num sussurro. Quando chegou, Padre Paulo se levantou, apresentou o homem e convidou Messias a entrar em seu escritório, pois precisavam conversar. Padre Paulo limitou-se em dar a notícia de que seus familiares tiveram um acidente de carro quando vinham para o Mosteiro, pois queriam fazê-lo uma surpresa de aniversário sem comentar a morte da mãe e da irmã. Abalado, Messias entrou em choque e não disse uma só palavra, ficando paralisado como se o mundo fosse acabar naquele instante. Sua reação foi bastante estranha, pois o que achava ser um pesadelo, na verdade, era uma visão.

A Historia de Messias - Visão de Sr. Afonso e D. Sara

VISÃO DE SENHOR AFONSO E DE DONA SARA
....Nos dias que se seguiram, Messias procurou alguma informação sobre alguém que poderia ter sido atropelado no local. Chegou a chamar duas pessoas conhecedoras da região e procurar para ver se existia um corpo no local, ou qualquer vestígio que confirmasse a história do pai e nada...
Passou a aproveitar o seu tempo de estada na cidade para ler bastante e, com calma, os livros que havia adquirido. E sempre buscando dar ao seu pai ânimo para continuar sua vida. E, a cada livro que lia, mais aumentava seus conflitos interiores e suas dúvidas, já não sabia mais o que pensar. Seu pai às vezes percebia seu estado de preocupação e sempre falava:

-Filho, parece preocupado comigo, mas não tem mais com que se preocupar, quando partir, saiba que já estou bem e vou seguir minha vida adiante, pode ir sossegado.

-Sim, meu pai. Eu sei disso, pode deixar que eu não vou me preocupar. Acredito que em breve estarei aqui junto de você.

- É o meu sonho, de sua mãe e de sua irmã também. Nessa hora, seus olhos começam a lacrimejar. Mas tenho que te contar uma coisa que eu e sua mãe guardamos a sete chaves e só pretendíamos revelar depois de sua ordenação. Como sua mãe se foi e não sei o que pode acontecer comigo, não quero levar isso para o túmulo.

A Historia de Messias - Pesadelo

PESADELO

...Dez dias exatamente após o seu retorno, ainda transtornado com a fatalidade. Em um dia normal como os outros, dentro da rotina, café às 6horas e meia, missa às 7horas, aulas teóricas de 8 às 12h00, almoço e descanso de 12 às 14horas, aulas de Teologia de 14 às 16horas, 20horas jantar, e depois liberados para a biblioteca, conversas, andar pelos jardins e, às 22horas, recolhimento aos aposentos.

Messias, já em seus aposentos, com portas fechadas, retira um de seus livros secretos que falava sobre os dogmas da Igreja. Depois de ler por quase duas horas, deitou-se e pegou no sono. Dormia um sono profundo, mas aparentando bastante agitado, quando por volta das 2horas e meia, mesmo horário do último pesadelo em que vira o acidente da família – acordou em sobressalto, levantou-se atordoado e correu para o quarto de Fábio ao lado, que também acordou assustado com a entrada abrupta do colega, acendeu o abajur e viu o colega macerado e quase sem fôlego.

-Messias, o que foi?

A Historia de Messias - Revelações Espirituais

AS REVELAÇOES ESPIRITUAIS E AS ESCRITURAS

... as manifestações espirituais existem desde o momento em que Deus colocou o homem no mundo. Vocês verão que na Bíblia constam várias destas manifestações. Muito embora o aspecto cultural predominante à época dos acontecimentos ali narrados colocou-as no sobrenatural. Outro fator que nos leva a buscar a Bíblia como prova das manifestações é porque ela é um livro lido por quase todos os segmentos religiosos, por ser um livro sagrado, sendo assim, a própria palavra de Deus. Vamos ver os relatos bíblicos.

Enquanto falava, abria a Bíblia e procurava as referências.
-No Antigo Testamento, em Deuteronômio 18, 9-13.diz o seguinte: “Quando tiveres entrado na terra que o Senhor, teu Deus, te dá, não te porás a imitar as práticas abomináveis da gente daquela terra. Não se ache no meio de ti quem faça passar pelo fogo seu filho ou sua filha, nem quem se dê à adivinhação, à astrologia, aos agouros, ao feiticismo, à magia, ao espiritismo, à adivinhação ou à evocação dos mortos, porque o Senhor, teu Deus, abomina aqueles que se dão a essas práticas, e é por causa dessas abominações que o Senhor, teu Deus, expulsa diante de ti essas nações”.
-Também em Atos 6, 9-10 está escrito. “Então, algumas pessoas pertencentes à chamada Sinagoga dos Libertos, isto é, cireneus, alexandrinos como outros vindos da Cilícia e da Ásia, puseram -se a discutir com Estevão. Mas não eram capazes de resistir à sua sabedoria e ao Espírito com que falava”.

A Historia de Messias - Primeira visita a Alex

PRIMEIRA VISITA A ALEX

Chegando à capital no dia seguinte, seguiu direto para o sanatório. Já na portaria teve uma sensação de frio como sentira na noite anterior no quarto, mas logo passou. Ao chegar à portaria solicita para falar com Alex, por se tratar de um dos internos do Mosteiro que viera buscar notícias e fazer uma averiguação da real situação. Sendo a seguir encaminhado para o Dr. Leonardo, médico responsável pelo tratamento de Alex. Após se apresentar, o médico foi lacônico ao fazer referência a Alex, desestimulando Messias de ir ter com ele. Messias não se deu por vencido, insistiu muito com fortes argumentos religiosos, o que acabou por sensibilizar o médico. Bem, Padre, se insiste em vê-lo, verá, mas antes quero que venha à minha sala e assista a algumas imagens que fiz de Alex nos períodos de crises quando chegou aqui e que duraram aproximadamente 90 dias. Tivemos um longo período de calmaria até o mês passado quando as crises voltaram.

A Historia de Messias - O quarto

O QUARTO

Aquela noite não foi diferente, não teve pesadelos, mas um sonho um tanto curioso e parecendo a peça de um quebra-cabeça. Acordou na manhã seguinte tranqüilo e ficou a analisar o sonho. Sonhara ter visto, “uma sala escura e sua porta de madeira bruta fechada por uma tranca de madeira no sentido horizontal encaixada em duas abraçadeiras de metal, e no lado de uma delas uma lingüeta que atravessava a tranca e um grande cadeado já enferrujado em sua ponta, como se não fosse aberto há anos. No interior da sala apenas alguns móveis velhos, compostos por uma escrivaninha, uma cama de solteiro, uma estante, uma cadeira e um oratório contendo a imagem de são Francisco, na prateleira alguns livros e papéis amontoados e amarelados pelo tempo. E no lado da cama um baú que continha também uma fechadura com um cadeado não muito diferente do que protegia a porta da sala”. Mas o que mais o intrigava era não conseguir ver onde estava localizada a sala, apesar dos detalhes tão reais. O entorno da sala era como uma penumbra. Enfim, diante dos acontecimentos era importante registrá-los todos e tinha certeza que em algum momento as coisas iam se encaixar. Lembrou-se do primeiro sonho onde via um Padre com uma bengala em frente a uma porta e que parecia ser uma das portas dos escritórios dos Padres. E decidiu, a partir daquele dia, começar a escrever um diário, como forma de não esquecer nada do que vinha ocorrendo, desde o seu primeiro pesadelo com o acidente da família. Foram quase três dias que passou fechado no quarto só para descrever tudo o que ocorrera, bem como seu pensamento a respeito. Sabia que esse diário teria que ficar a sete chaves, pois estaria colocando nele, também suas dúvidas a respeito dos dogmas e do comportamento dos irmãos e das ações da própria Igreja. Relatava também sua busca pela verdade, o que, com certeza, seria uma condenação ou até o afastamento do seminário, mas acreditava e tinha fé em Deus que nada aconteceria antes de concluir a missão a que estava predestinado.

A Historia de Messias - Segunda Visita a Alex

SEGUNDA VISITA A ALEX

No dia previsto para a visita a Alex, após a Missa matinal, pegaram o carro do Mosteiro, um velho Veraneio, que além de antigo ainda se encontrava mal conservado, mas era o que possuíam para viagem. Chegando ao Hospital Psiquiátrico, foram encaminhados para o Dr. Leonardo que já os aguardava, pois já haviam marcado anteriormente.

-Dr. Leonardo, Padre Paulo é nosso Coordenador e responsável direto pela formação dos seminaristas e Padre Zezinho é o responsável pela avaliação psicológica de todos, bacharel em Sociologia e Psicologia.

Após a apresentação, Padre Zezinho logo iniciou o diálogo:

-Doutor, como médico, o que acha da situação de Alex?

-Bem Senhores, o diagnóstico dele é claro, esquizofrenia em grau elevado.

-Bem, Dr. Leonardo, de acordo com as informações que Messias nos levou, nos deu a entender que Alex possui algo mais do que esquizofrenia. Se não se importa gostaria de poder ver as gravações que tem de Alex, principalmente em momentos de crise.

-Perfeitamente! Realmente é bom que vejam.

Colocou uma das fitas que se encontrava em um armário, junto a muitas outras catalogadas e datadas, com pequenos relatórios em uma ficha dentro da caixa. Vendo atentamente o relatório e a fita, Padre Zezinho perguntou ao Dr. Leonardo:

-Doutor, como acabou de ver, nos momentos da crise é difícil dizer que o comportamento de Alex é voluntário e comandado por uma mente doentia, sem querer questionar os seus conhecimentos da Medicina e sem querer ofender, gostaria de conhecer de fato sua opinião, com detalhes, sobre a esquizofrenia de Alex.

A Historia de Messias - O Rancho

O RANCHO
Hoje é sexta-feira. Vou deitar mais cedo e amanhã, antes da Missa, vou fazer uma relação das coisas mais importantes e que posso tentar passar para Fábio. Vou levar meu diário e alguns livros sobre os dogmas da Igreja e ver a reação dele.
Chegarm ao rancho antes do almoço, famintos pelos três quilômetros de caminhada, morro acima, até o rancho, que ficava no topo da chapada, ao lado de um riacho que formava uma bela queda a poucos metros da cabana. Prepararam um rápido almoço e Fábio convidou Messias para explorar e conhecer melhor a beleza daquele lugar. Pegaram duas varas de anzóis após retirarem da margem do riacho algumas minhocas para servirem de iscas e foram procurar um lugar onde tivesse um remanso e uma sombra. Assim fizeram e ficaram várias horas conversando sobre inúmeros assuntos entre eles, a vida e o comportamento dos colegas e o pensamento a respeito de cada colega e de cada Padre. Messias, na verdade, tentava conseguir mais informações de Fábio, o que muito pouco acrescentou.

Voltaram para casa já com o sol se pondo. Aproveitaram para limpar os poucos peixes que pescaram, mas o bastante para o jantar dos dois. Após o banho e o jantar, sentaram na varandinha da casa e ficaram apreciando a beleza do céu, repleto de estrelas com uma lua cheia, que iluminava toda a natureza, dando uma bela visão. Oportunidade que Messias esperava para começar um diálogo mais profundo com Fábio.

-Fábio, você sabe que desde que cheguei, você é a única pessoa em quem confio, o único amigo que conquistei e, portanto, gostaria de saber se não se sentiria constrangido ou ofendido de conversarmos um pouco sobre alguns assuntos de nossa vida e até mesmo de nossa intimidade.

Fábio ficou um pouco desconcertado com a conversa, mas concordou.

A Historia de Messias - DOGMAS BÍBLICOS

DOGMAS BÍBLICOS E POR DECRETO

Na manhã de domingo, Messias se levantou mais cedo e começou a organizar os documentos e a separar os livros que levara para discutir com Fábio a respeito dos assuntos polêmicos da Igreja. Enquanto organizava os papéis, Fábio se levantou e foi direto para a cozinha preparar o café. Após o café, Messias convidou Fábio para mostrar um pouco de seu acervo e documentos secretos.

-Bem, Fábio, eu te chamei aqui, pois tenho sofrido muito e venho buscando respostas. E sempre que busco uma resposta, fico mais confuso e, em algum momento, até minha fé diminui. Vou te falar um pouco de como e quando minha vida tomou essa direção para melhor compreender. Tudo começou quando do acidente de minha família: minhas visões ou meus pesadelos...

Após quase uma hora falando, Messias reportou com detalhes a sua ida à capital, lembrou do pregador, dos sonhos da compra dos livros, enfim contou tudo com riqueza de detalhes. Após ter escutado atentamente, Fabio exclamou:

-Puxa vida, Messias! A coisa é muito mais séria do que pensamos!...............

........................A existência de Deus não apenas é objeto do conhecimento da razão natural, mas também é objeto da fé sobrenatural. O Concílio Vaticano I (1869-1870), sob Pio IX (1846-1878), declarou em 24 de abril de 1870:
"A Santa Igreja Católica Apostólica e Romana crê e confessa que existe um único Deus Verdadeiro" (Dezembro de 1872).

Este mesmo Concílio condenou como herética a negação da existência de Deus:
"Se alguém negar que apenas Deus é o Verdadeiro Criador e Senhor das coisas visíveis e invisíveis, seja excomungado"

-Veja como esse decreto mostra o autoritarismo da Igreja naquela época. Se eu não acredito nas coisas de Deus, eu não acredito na Igreja, sendo um ateu porque a Igreja tem a ver comigo me prometendo punição, se quem irá punir o ateu é o próprio Deus lhe negando a salvação.

A prova de Deus está nas Escrituras. Só a fé nos dá essa certeza. Em Hebreus 11,6 nos fala sobre a fé.
"Sem a fé, é impossível agradar a Deus, pois é preciso que quem se acerque de
Deus creia que Ele existe e que é remunerador dos que O buscam".

-Outra das declarações da nossa Igreja.

Possibilidade de reconhecer a Deus como a única luz da razão natural.
- O concílio Vaticano I (1869-1870), sob Pio IX (1846-1870), declarou:
"Se alguém disser que Deus vivo e verdadeiro, criador e Senhor nosso, não pode ser reconhecido com certeza pela luz natural da razão humana por meio das coisas que foram feitas, seja excomungado." . A mesma Santa Mãe Igreja sustenta e ensina que Deus, princípio e fim de todas as coisas, pode ser reconhecido, com certeza pela luz natural da razão humana partindo das coisas criadas.
-O Concílio apresenta os seguintes elementos:
“O objeto de nosso conhecimento é Deus uno e verdadeiro, Criador e Senhor nosso; é, portanto, um Deus distinto do mundo e pessoal”.
“O princípio subjetivo do reconhecimento é a razão natural em estado de natureza caída”.
“Os meios do reconhecimento são as coisas criadas”.
“Esse reconhecimento é por si um reconhecimento certo”.
“E é possível, ainda que não constitua o único caminho para chegar a conhecer a Deus”.
“A Escritura nos mostra a verdadeira fonte de inspiração da existência de Deus”.
"Porque desde a criação do mundo, a invisibilidade de Deus, Seu eterno poder e Sua divindade são conhecidos através das criaturas, de modo que são inescusáveis" (Romanos 1,20).

Para nós, Fábio, a idéia de Deus não é inata, mas temos a capacidade para conhecê-lo com facilidade e, de certo modo, espontaneamente, por meio de Suas obras e das Escrituras Sagradas.

-Messias, espere um pouco! Você está lendo para mim algo que nós já estudamos e conhecemos todos os decretos e dogmas que você fez referência.

- Sim, Fábio, eu sei, só que eu estou te mostrando, os questionamentos e uma análise como a Igreja tenta engessar os seus seguidores com os dogmas. Métodos que impedem que as pessoas adquiram o conhecimento verdadeiro das Escrituras. Pessoas como eu, que buscaram e analisaram, e tiveram coragem de questionar alguns dos elementos dos dogmas e dos motivos que levaram a igreja a adotá-los, foram condenadas pela Igreja, o que, de certa forma, nos dá uma outra visão da santidade dos homens que dirigem a Igreja em todos os anos de sua existência. Com isso descobrimos o porquê da imposição por decreto de alguns dogmas.

-Você está duvidando da Bíblia? Da existência de Deus? Dos dogmas? Dos dirigentes? Onde quer chegar, Messias?

- Não, Fábio, veja como é difícil questionar. Ao contrário quero é fortalecer minha fé através da apuração do que de fato é um dogma verdadeiro ou casuístico. Não aceito um dogma só porque o Concílio ou um papa decretou, mas sim pelas palavras de Deus contidas na Bíblia. É aí que quero chegar. Vejamos onde os dogmas devam ser considerados ou não:
*E existência de Deus;
*A Unicidade de Deus;
*Deus é Eterno;
*Jesus filho de Deus;
*Santíssima Trindade.

A História de Messias - Pdre. Luizinho e as Revelações

PADRE LUISINHO E AS REVELAÇÕES

Messias não perdeu tempo. Viajou à tarde para a cidade aonde chegou duas horas depois, hospedou-se no único hotel da cidade, simples, mas bem aconchegante. À noite aproveitou e deu uma volta para conhecer um pouco a cidade, mas rapidamente retornou, pois não tinha muito que ver. Na manhã seguinte, exatamente às 9horas, Messias foi recebido pelo professor Luis que o levou para um pequeno escritório, localizado no lado da sala de estar.
-Bem, meu jovem, o que o traz aqui?
-Professor, vou fazer uma explanação de todos os fatos importantes desde que cheguei ao seminário e acabaram por me trazer até aqui.

Após falar sobre os seus sonhos, as manifestações, sobre o quarto e como chegou ao seu nome, Luis entendeu a necessidade de revelar tudo que se referia à sua passagem no seminário e a relação com Leandro e Padre Harold.

-Bem, Messias, pouco depois de minha ordenação comecei a lecionar no seminário que me formei e consegui conquistar prestígio pela minha dedicação. Monsenhor Erich, sempre à caça de talentos para completar o corpo docente do seminário, acabou por me descobrir através de um tablóide de circulação interna de nosso seminário, que às vezes era levado por alunos e visitantes para outros seminários e falava de minha dedicação como professor e o carinho que conquistara de meus alunos. Acabei sendo convidado para morar no Mosteiro e ser um dos mestres dos seminaristas. Naquela época, Harold já era um dos administradores do Mosteiro. Confesso que gostava muito de lá e não pretendia ter saído.Você me falou de Leandro e sua morte, e eu vou te dizer que tenho vivido esses anos todos carregando comigo uma grande dúvida e uma culpa que até hoje me faz sonhar com aquele bendito seminário. Foi Deus que o enviou aqui. Nunca conversei com ninguém sobre esse assunto e tenho vivido um martírio carregando comigo a culpa de um grande pecado. Vou detalhar tudo que vivi e ver se posso te ajudar.

A Hist'oria de Messias - Umbanda e Sincretismo

UMBANDA E SINCRETISMO

-Você sabe o que é Umbanda? E qual a relação dela com nossa Igreja?

-Bem, sei o que é a Umbanda, mas não vejo relação direta com nossa Igreja.

-Em se tratando da Igreja a nível nacional não, mas na maioria dos grandes centros, principalmente na Bahia e Rio de Janeiro, a Igreja convive com umbandistas em relacionamento bem próximo.

-Me explique melhor?

-Então, muita atenção para entender bem o que vou te mostrar. Desde o início as religiões afro-brasileiras se fizeram sincréticas, estabelecendo paralelismos entre divindades africanas e santos católicos, adotando o calendário de festas do catolicismo, valorizando a freqüência aos ritos e sacramentos da Igreja Católica. Essas seitas buscaram esse sincretismo e paralelismo como forma de evitar as perseguições da Igreja Católicas, prova da intolerância. Lembro-me quando ainda criança em minha cidade não existia outras religiões, o que imperava era o Catolicismo, quando em um dia de domingo na única praça da cidade, estacionou um velho caminhão com uma lotação expressiva de homens, mulheres e crianças de uma Igreja evangélica, vindo de outras cidades. Como nas pequenas cidades nada passa desapercebido, um grupo de beatas se reuniram orientadas pelo Padre da cidade, envolveram alguns outros fanáticos e crianças e começaram a apedrejar os crentes, como eram chamados, que tiveram de sair às pressas para não serem linchados.
Assim aconteceu com o candomblé na Bahia, o xangô em Pernambuco e muitos outros pelo Brasil afora. O motivo dessa relação que considero promíscua e pecaminosa, hoje possui um outro objetivo. Antes interesse dos umbandistas agora por comodidade da igreja e não ter como impedir essa relação que se incorporou em alguns centros, como um caminho sem volta, e ainda, por parte da Igreja, uma forma de manter o maior número de fiéis nas igrejas, mesmo que para isso tenha que aceitar o inaceitável. Vou te mostrar a relação dos deuses do Umbanda com os Santos católicos por nomes, são as sete linhas do Umbanda:

A Historia de Messias - O Exorcismo

O EXORCISMO

-Está na hora Messias, tem 30 minutos para se aprontar e tomar o café e não se esqueça hoje terá que ir com o hábito completo de seminarista.

Antes dos trinta minutos, Messias já estava dentro do carro e em seguida chegou Padre Zezinho e Padre Paulo. Na viagem Messias comentou os dois sonhos com sua morte, agora mais preocupantes para ele, se tratava de sua morte. Mas como sempre, Padre Zezinho argumentou que poderia ser uma forma do Diabo tentar interferir em sua ida nesse encontro, mesmo porque ele sabe também que sua fé em Deus é inabalável, portanto sua preocupação era infundada e que deveria confiar plenamente em Deus que tudo iria dar certo. Não convenceu muito Messias, mas, não deixou de tranqüilizá-lo um pouco.

Chegando no aeroporto em poucos minutos o Padre Pedro saiu da sala de desembarque, após as apresentações entraram no carro e foram direto para o Hospital. Chegando lá foram recebidos por Dr. Leonardo que lhes passou toda situação de Alex e reafirmando que o caso dele era esquizofrenia aguda e que possuía dupla personalidade e as usava muito bem. Antes de se dirigirem para o quarto de Alex, Padre Pedro retirou de sua maleta sua sobrepeliz e sua estola roxa e as colocou. Em seguida foram conduzidos para um quarto maior onde Alex permanecia assentado na beirada da cama, os quatro entraram e cumprimentaram-no e ele só acenou com a cabeça sem nada dizer.

A Historia de Messias - Opus Dei

OPUS DEI

Chegando ao Mosteiro, Messias foi direto para seu quarto e voltou à leitura de um dos livros sobre os segmentos do Catolicismo. E deparou com um livro criticando o Opus Dei, grupo religioso conservador com grande influência no Vaticano, que conta com cerca de 80 mil membros e está presente nos cinco continentes, em particular, na América Latina, onde conta com 30 mil adeptos. A chamada "máfia santa" ou "exército do papa" como foi definido por detratores e admiradores, controla e influencia, sem jamais aparecer juridicamente como proprietária em muitos países de escolas, universidades, centros de capacitação e meios de comunicação. A "obra" depende diretamente do Papa e da Congregação para os Bispos. Seu líder, o prelado, deve ser um eclesiástico e sua designação é vitalícia. Após ler inúmeros trechos, percebeu que existem práticas impróprias para a vida cristã e que contrariam os princípios bíblicos como formas de reprimir o prazer sexual. Por exemplo, o "macacão antimasturbação" era uma camisa de mangas longas costurada a uma calça jeans, que era vestida ao contrário, com o zíper voltado para trás, a fim de evitar o contato das mãos com o pênis. Critérios pouco edificantes usados pelo Opus Dei para ampliar seu rebanho era "a idéia de perseguir as pessoas, escolhendo os peixes grandes --pessoas da elite financeira e intelectual (...) Não nos interessavam as moças, os cabeludos, os tatuados, os que usavam brincos, os que tinham jeitinho de gay".Segundo Brolezzi, não interessavam à Obra estudantes das áreas de ciências humanas, como Letras, História, Jornalismo, Filosofia, Psicologia e Sociologia. "Para o Opus Dei interessavam, sobretudo, estudantes universitários de cursos como Engenharia, Matemática, Física, Química, Administração de Empresas, Odontologia, Medicina ou Direito".Os "Numerários" são membros celibatários do grupo e que "mandam na Obra", uma espécie de "Cavaleiro Jedi". Já os "supernumerários" podem casar e "servem para dar dinheiro para a Obra e gerar filhos que devem freqüentar os clubinhos".

A História de Messias - Ultima visita a Alex

ULTIMA VISITA A ALEX

Pela manhã, solicitou ao Padre Paulo para ir à capital ver algumas coisas e fazer uma visita ao Francisco. Apesar da repulsa que tinha por ele e pelo que tratamento que dava a Fábio, e pela possibilidade de ser o assassino, mas poderia dar alguma luz. Faria uma visita também a Alex para ver de perto o resultado do exorcismo.
Chegando lá, dirigiu-se primeiro para delegacia onde Francisco estava detido e conseguiu autorização para conversar com ele.
-Bom dia, Francisco! Como está?
-Bem mal! Como vê, acusado de algo que não fiz.
-Francisco, você é inocente mesmo?
-Claro, eu estava com raiva de Fábio, mas não chegaria a tanto, não queria vê-lo morto.
-Então por que está mentindo sobre onde passou o sábado e o domingo?
-Pra você, eu vou falar, porque você já viu alguma coisa. Você lembra da casa que nós te levamos?
-Claro, eu nunca vou esquecer daquele dia.

A História de Messias - Chegada de Harold

CHEGADA DE HAROLD
Padre Harold chegou em uma segunda-feira bem cedo. Veio do aeroporto em um táxi direto para o Mosteiro. Foi recebido por Padre Paulo e levado direto para sala de Monsenhor. Como foi horário da missa matinal, quase ninguém percebeu sua chegada. Após a singela recepção, foi acomodado em um quarto próximo ao quarto de Monsenhor Erich. Tomaram café juntos e seguiram para o escritório de Monsenhor Erich que também era uma ante sala do quarto de dormir. A reunião era somente entre Padre Paulo, Monsenhor Erich e Padre Harold.
-Como está a sua vida lá, Padre Harold? Depois que saiu daqui, esqueceu dos amigos e só comunicou recentemente porque ficou preocupado.
-Estou bem! Eu realmente fiquei muito amolado com o que ocorreu com Leandro e preferi ir embora e tentar esquecer esse lugar. Mas ultimamente tenho sonhado coisas horríveis. Tenho sonhado com Leandro e não tenho nem como explicar o que está acontecendo. Quando percebi, parecia que uma força me empurrava pra cá e aqui estou.
-Você tem alguma explicação plausível para a morte de Leandro, Harold?
-Veja, acho que aí é que cometi o meu maior erro. Hoje vocês já sabem que tive um envolvimento com Leandro e, após a sua morte, o Dr. Fontani, meu médico que deu o laudo, me aconselhou uma autópsia e eu simplesmente quase o obriguei a dar o laudo. Como era meu amigo, acabou me atendendo e colocou que foi enfarto. Ele, na época, achava possível um assassinato por envenenamento. Eu tinha muito medo de vir à tona nosso relacionamento e, pensando em me proteger acabei indo embora para esquecer tudo. Cheguei a pensar que Padre Luisinho era o responsável, pois se envolveu também com Leandro. Chegamos a ter uma discussão séria. Veja que o pecado estava dominando a todos nós e não tínhamos forças para parar. Depois fiquei sabendo que Padre Luisinho havia abandonado a batina e se casado. Foi quando minha dúvida a seu respeito aumentou. Mas, se eu mando fazer autópsia, o Mosteiro seria notícia nas páginas policiais e tudo estaria acabado, pois iriam descobrir o nosso relacionamento e tudo mais. Seria a destruição do Mosteiro. Pensei em tudo isso, acabei me acovardando e indo embora.
-Depois de tanto tempo está pensando na elucidação do crime, ou está tentando se redimir perante a Deus para obter o perdão? Disse Monsenhor.
-Na verdade, Monsenhor, estou aqui e não tenho plano nenhum. Na verdade como disse, nem sei por que estou aqui. Talvez seja para me redimir ou ajudar a desvendar esse mistério.
-A situação realmente é complexa.Quando soube dos fatos, cheguei a pensar que você poderia ter provocado a morte do rapaz de alguma forma e, com a consciência pesada, fugiu para a Alemanha.Por não conhecê-lo,fiz logo mal juízo. Disse Padre Paulo.
-Gostaria muito de ver os arquivos de Leandro, ver se tem alguma coisa que possa nos mostrar como ele morreu.É possível Monsenhor? pergunta Harold.
-Olha, depois que você foi embora, Padre Harold, como eu também gostava muito daquele garoto, e acabei por pegar todos os seus pertences, coloquei tudo em um baú nas prateleiras de seu quarto, e mandei construir umas prateleiras cobrindo a porta, transformando seu escritório em arquivo morto. Ninguém mais entrou lá.

A História de Messias - A Carta -

A CARTA

Para Messias.

Estou escrevendo essa carta aos poucos, não observe a seqüência de idéias. Você saberá entender. Estou sofrendo horrores, após a sua última visita, eu comecei a ter as crises novamente, a sessão de exorcismo foi só uma diversão para o demônio. Você corre grande perigo. Terá que sair daí, alguém quer matá-lo. Essa pessoa tem medo de você, pois acha que você sabe demais. Hoje, quase morri, ele me mordeu o braço e minhas costas com tanta força que sangrou muito.Outro dia arranhou minhas costas toda com as unhas. Não agüento mais, ele quer que eu morra. Messias saia daí! Ele disse que irá destruir a todos e que não sobrará pedra sobre pedra, e você corre muito perigo. Saia enquanto pode e reze por mim. Queria a salvação de Deus, mas não sei se vou conseguir. Me ajude!
Messias, não vou escrever mais, venha aqui. Preciso lhe falar mas não sei se tenho muito tempo, venha por favor e me ajude.
Assinado
Alex.