sábado, 8 de maio de 2010

A História de Messias - Chegada de Harold

CHEGADA DE HAROLD
Padre Harold chegou em uma segunda-feira bem cedo. Veio do aeroporto em um táxi direto para o Mosteiro. Foi recebido por Padre Paulo e levado direto para sala de Monsenhor. Como foi horário da missa matinal, quase ninguém percebeu sua chegada. Após a singela recepção, foi acomodado em um quarto próximo ao quarto de Monsenhor Erich. Tomaram café juntos e seguiram para o escritório de Monsenhor Erich que também era uma ante sala do quarto de dormir. A reunião era somente entre Padre Paulo, Monsenhor Erich e Padre Harold.
-Como está a sua vida lá, Padre Harold? Depois que saiu daqui, esqueceu dos amigos e só comunicou recentemente porque ficou preocupado.
-Estou bem! Eu realmente fiquei muito amolado com o que ocorreu com Leandro e preferi ir embora e tentar esquecer esse lugar. Mas ultimamente tenho sonhado coisas horríveis. Tenho sonhado com Leandro e não tenho nem como explicar o que está acontecendo. Quando percebi, parecia que uma força me empurrava pra cá e aqui estou.
-Você tem alguma explicação plausível para a morte de Leandro, Harold?
-Veja, acho que aí é que cometi o meu maior erro. Hoje vocês já sabem que tive um envolvimento com Leandro e, após a sua morte, o Dr. Fontani, meu médico que deu o laudo, me aconselhou uma autópsia e eu simplesmente quase o obriguei a dar o laudo. Como era meu amigo, acabou me atendendo e colocou que foi enfarto. Ele, na época, achava possível um assassinato por envenenamento. Eu tinha muito medo de vir à tona nosso relacionamento e, pensando em me proteger acabei indo embora para esquecer tudo. Cheguei a pensar que Padre Luisinho era o responsável, pois se envolveu também com Leandro. Chegamos a ter uma discussão séria. Veja que o pecado estava dominando a todos nós e não tínhamos forças para parar. Depois fiquei sabendo que Padre Luisinho havia abandonado a batina e se casado. Foi quando minha dúvida a seu respeito aumentou. Mas, se eu mando fazer autópsia, o Mosteiro seria notícia nas páginas policiais e tudo estaria acabado, pois iriam descobrir o nosso relacionamento e tudo mais. Seria a destruição do Mosteiro. Pensei em tudo isso, acabei me acovardando e indo embora.
-Depois de tanto tempo está pensando na elucidação do crime, ou está tentando se redimir perante a Deus para obter o perdão? Disse Monsenhor.
-Na verdade, Monsenhor, estou aqui e não tenho plano nenhum. Na verdade como disse, nem sei por que estou aqui. Talvez seja para me redimir ou ajudar a desvendar esse mistério.
-A situação realmente é complexa.Quando soube dos fatos, cheguei a pensar que você poderia ter provocado a morte do rapaz de alguma forma e, com a consciência pesada, fugiu para a Alemanha.Por não conhecê-lo,fiz logo mal juízo. Disse Padre Paulo.
-Gostaria muito de ver os arquivos de Leandro, ver se tem alguma coisa que possa nos mostrar como ele morreu.É possível Monsenhor? pergunta Harold.
-Olha, depois que você foi embora, Padre Harold, como eu também gostava muito daquele garoto, e acabei por pegar todos os seus pertences, coloquei tudo em um baú nas prateleiras de seu quarto, e mandei construir umas prateleiras cobrindo a porta, transformando seu escritório em arquivo morto. Ninguém mais entrou lá.

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