sábado, 8 de maio de 2010

A História de Messias - Celibato e o pecado

O VELÓRIO DO CORONEL AFONSO CALADO

A cidade de Monte Alto – região das vertentes de Minas Gerais, população de pouco mais de cinco mil habitantes – vivia uma tarde de tristeza, chorava a morte de Messias Calado e de seu pai, o Cel. Afonso Calado, que teve um infarto fulminante após ouvir a notícia que no Mosteiro onde ficava o seminário em que o filho estudava ocorrera uma tragédia sem precedentes. Houve um incêndio de grandes proporções, sem nenhum sobrevivente, todos estavam carbonizados e irreconhecíveis. A polícia estava utilizando todos os métodos para identificar os corpos, em alguns eram usadas as arcadas dentárias, em outros o Instituto Médico Legal solicitava a presença de familiares para fazer o reconhecimento pelo DNA. Coronel não resistiu à notícia e sofreu um infarto fulminante, apesar da mucama Ester ter providenciado a sua remoção para o único Hospital, mas era tarde demais.

Coronel Afonso Calado – viúvo e pai de Messias Calado - que era considerado na cidade um de seus filhos mais ilustres, o primeiro seminarista de Monte Alto e quando ordenado Padre era a expectativa de todos que se tornasse o pároco da cidade. Cel. Afonso era um homem muito rico, comentavam até que o velho não sabia da riqueza que acumulara, possuía muitas fazendas com lavouras, criação de gado, vários imóveis e, também, muito dinheiro nos bancos. Sua influência política era inquestionável. Todos o respeitavam e o temiam e, apesar de ser um bom homem, era firme e decidido.

Todas as pessoas influentes de Monte Alto participavam do velório: prefeito, vereadores, o Padre, pastores, enfim, toda sociedade sabia da importância daquele homem e que era uma perda irreparável. Todos lamentavam sua morte, até mesmo o senhor Gregório Malaquias de aproximadamente 50 anos era o maior desafeto político do Coronel, também de pouca cultura, mas possuía uma vontade enorme de se tornar um líder na cidade. A razão da inveja latente era a grande influência do Coronel nos resultados das eleições, situação esta que às vezes o tornava impulsivo, criando muitos constrangimentos a todos, causa de sua pouca credibilidade, na verdade, era considerado pelos companheiros do Coronel como um grande fofoqueiro. Sendo seu maior adversário e por falta de argumentação política, muitas vezes desejou publicamente sua morte, dizendo aos quatro cantos que queria que o Coronel fosse levado para as quintas do inferno. No fundo, Gregório estava feliz com a partida sem volta do Cel. Afonso e, ao mesmo tempo, ao saber do incêndio no Seminário, da possível morte de seu filho Messias.

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